CAAUL Seminar - (Des)Astronomia na Tapada: a história do OAL através dos seus anti-heróis - 20 janeiro 2014
(Des)Astronomia na Tapada: a história do OAL através dos seus anti-heróis
Pedro Raposo
CIUHCT
Abstract / Resumo
Francisco Gomes Teixeira (1851-1933) é amiúde referido como um dos melhores matemáticos portugueses de sempre. O que nem sempre se refere é que o seu primeiro emprego foi como astrónomo do OAL. Nomeado em 1878, Gomes Teixeira ocupou o cargo por pouco mais de três meses. Está registado num livro de actas existente no OAL que os seus nervos não aguentaram.
Na década de 1890, Alfredo da Rocha Peixoto (1848-1904), que é apontado como um dos impulsionadores dos estudos astrofísicos em Portugal, foi nomeado sub-director do OAL. Manteve-se no cargo cerca de quatro anos, mas a maior parte desse tempo passou-o de baixa médica. Consta que se viu em apuros ao lidar com cálculos básicos, e que chegou mesmo a danificar alguns instrumentos.
Já na década de 1930, Manuel de Barros (1908-1971), que viria a fundar no Porto o observatório que hoje tem o seu nome, falhou um concurso de admissão ao OAL. Demorou tanto tempo a fazer os cálculos da prova teórica, que nem teve tempo para realizar a prova prática de observação. Estes episódios fazem parte do anedotário do OAL, mas a questão que pretendo tratar neste seminário é séria: por que é que estas (e outras) personalidades, que tiveram um papel de relevo na ciência em Portugal, não conseguiram fazer carreira no principal observatório português? Acredito que estes casos de insucesso nos dizem tanto, ou mais, acerca da ciência que se fazia no OAL, e das dificuldades que se colocaram ao seu desenvolvimento, como os feitos notáveis de Campos Rodrigues (1836-1919), Frederico Augusto Oom (1830-1890), Frederico Tomás Oom (1864-1930), ou Melo e Simas (1870-1934), homens que deram prestigio ao Observatório.
Por conseguinte, procurarei contar a história das primeiras décadas do OAL focando-me não tanto nestes seus heróis, mas sobretudo nos anti-heróis acima citados. Creio que, deste modo, poderemos compreender melhor o que efectivamente significava ser astrónomo no OAL, e por que é que a instituição, não obstante os seus méritos, teve uma história bastante atribulada.
20 de janeiro de 2014 | 11:00
Local
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Edifício C8 | Sala 1.67