Detecção de Ondas Gravitacionais

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Detecção de Ondas Gravitacionais 

 

 

Hoje é um dia histórico para a Física e para toda a Ciência. As ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein há 100 anos, em 1916, foram finalmente detectadas!

 
Dois interferómetros de tecnologia de ponta, construídos para detectarem ondas gravitacionais, oscilaram simultaneamente e da mesma forma, apesar de separados por 3 mil quilómetros. Um interferómetro está na Louisiana, o outro no estado de Washington, nos Estados Unidos da América. A oscilação foi captada em Setembro passado. Assim, os cientistas da colaboração americana LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) capturaram na Terra, pela primeira vez, uma onda gravitacional. Esta onda foi produzida por um par buracos negros em órbita mútua até à colisão e junção final num só buraco negro. Um dos buracos negros tinha 29 vezes a massa do Sol e o outro 36 vezes. O buraco negro final tem uma massa da ordem de 62 vezes a massa do Sol, o resto da massa de cerca de 3 massas solares, tendo sido emitido na forma de ondas gravitacionais. Este sistema de buracos negros está a uma distância de 1.3 mil milhões de anos-luz da Terra e por isso este acontecimento ocorreu há 1.3 mil milhões de anos. O anúncio oficial da detecção directa de ondas gravitacionais foi feito pelo LIGO hoje.
 
A busca pela detecção de ondas gravitacionais demorou mais de 50 anos, pois o sinal que chega até nós é extremamente ténue e de dificílima detecção. Teoricamente, ondas gravitacionais tinha sido preditas por Einstein em 1916, logo após elaborar a teoria da relatividade geral, e a natureza teórica específica destas ondas foi desenvolvida em detalhe posteriormente. Espera-se agora que este tipo de detecções se torne um acontecimento normal, à medida que os interferómetros e detectores de ondas gravitacionais se forem aperfeiçoando. A astronomia de ondas gravitacionais vai-nos permitir conhecer melhor o nosso universo. Vamos saber se a própria teoria da relatividade geral está correcta, mesmo em situações tão extremas como as que envolvem buracos negros em colisão um contra outro a velocidades próximas à da velocidade da luz. Vamos poder também sondar o início do próprio universo.
 
Buracos negros e ondas gravitacionais são temas principais de investigação no CENTRA.
 
José Sande Lemos (Presidente do CENTRA)
Ana Mourão (Vice-Presidente do CENTRA)
 
Para saber mais sobre esta descoberta:
Artigo científico que descreve a descoberta: B. P. Abbott et al., Phys. Rev. Lett. 116, 061102 (2016)
The First Sounds of Merging Black Holes, Emanuelle Berti - American Physical Society, 11/02/2016